Crítica: O Oscar e a diversidade

O Oscar e a diversidade

O objetivo desta publicação é promover reflexão baseado em fatos e não desmerecer nenhum trabalho artístico.

Estatuetas do Oscar são feitas de bronze e banhadas a ouro 24 quilates. São brilhantes e douradas d
Estatuetas do Oscar são banhadas a ouro 24 quilates (Reprodução/Internet)

Por: Lucas Pemasan

    Neste março de 2024 foi realizada a nonagésima sexta (96) cerimônia do Oscar. Oppenheimer foi o vencedor como melhor filme. Embora a considerada mais importante premiação do cinema esteja perto de sua centésima edição, poucas vezes artistas estrangeiros chegaram ao topo do pódio apoteótico da estatueta de ouro. A gratificação e reconhecimento por bons trabalhos na sétima arte, não chega a todos os pontos de produção do globo terrestre como deveria. E quando estes são indicados e cruzam o tapete vermelho, não ganham. Quer uma prova?

    Em 1999 disputavam na categoria de melhor atriz no Oscar, Gwyneth Paltrow, Meryl Streep, Cate Blanchett, Emily Watson e a brasileira Fernanda Montenegro (por seu papel como Dora no filme Central do Brasil). Gwyneth levou a estatueta de ouro para casa pelo trabalho em Shakespeare Apaixonado (Shakespeare In Love). Fernanda Montenegro voltou com prestígio. Mas muitos que acompanham a mais importante cerimônia de premiação do cinema, até hoje acreditam que foi injustiça Fernanda não ter sido a melhor atriz escolhida. 

    É uma pequena amostra de como o Oscar ao longo de sua história, preteriu artistas de outros países em prol dos filhos da própria terra onde a premiação foi criada. Os favoritos passam por um sistema com regras a serem cumpridas etapa a etapa. Com um porém. A votação para escolher os ganhadores tem maioria em peso de artistas e produtores americanos votantes. Pela própria localização e pela forma como ao longo da história são feitas as seleções (veja aqui como funciona a votação). Será clube da Luluzinha onde gente de fora entra, mas não ganha? 

    Algumas teorias são interessantes de se pensar sobre porque o Oscar funciona assim. O ego e o imperialismo americano pode ser um fator, visto que as produções cinematográficas de Hollywood são altamente lucrativas. Outra possibilidade seria o território onde tudo acontece e o próprio sistema de votação que em tese estaria favorecendo os norte americanos. Poderia também ser uma junção dos dois fatores citados. Fato é que o Oscar é centralizado demais nos Estados Unidos. Pouca participação de outros países nas castas de maior prestígio do prêmio. Existe a categoria de melhor filme estrangeiro. Que aliás é criticada por ser demasiadamente ocupada por obras europeias. Não há abundância de diversidade. Nesse quesito, a Itália é o país que mais levou prêmios historicamente.

    Mesmo assim há peso diferente no imaginário popular (e economicamente), da categoria de melhor filme estrangeiro para a de melhor filme (de todos). É como se esta última fosse a medalha de ouro nas Olímpiadas do cinema. A obra cinematográfica sul coreana Parasita (2019) quebrou esta barreira. Ganhou como melhor filme estrangeiro, mas também como melhor filme. Foi o primeiro longa de língua não inglesa a ganhar a estatueta da categoria mais importante! EM QUASE UM SÉCULO! Seguindo a linha de tempos passados, outros países não tiveram esse reconhecimento e naturalmente fizeram filmes tão bons quanto, ou até melhores do que Parasita.


Elenco do filme Parasita de 2019. Parasita ganhou oscar de melhor filme em 2020 e fez história. Primeiro filme de língua não inglesa a ganhar o Oscar
Foto com elenco do filme Parasita (Foto: Divulgação)


    Isso faz algum sentido pra você leitor(a)? Não seria mais próspero existir apenas a categoria de melhor filme onde todos os países tivessem iguais chances de ganhar? Não seria mais acolhedor se a cerimônia do Oscar fosse realizada em países diferentes com outros critérios de escolha dos ganhadores? Seria semelhante ao modo Copa do Mundo e Olimpíadas que escolhem países como sede a cada nova edição. Ora, porque no cinema tem que ser diferente? 

    Apesar de não ter atingido patamar ideal o Oscar hoje é bem mais diverso do que no passado. Mas continuar mantendo a hegemonia americana na maior premiação do cinema mundial pode soar obsoleto em um mundo cada vez mais globalizado e diverso. Quando as coisas vão mudar mais rápido? É mais uma pergunta para a qual só saberemos a resposta no futuro.

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